O final do ano é a época
tradicional das listas. Listas de prendas, listas de convidados para jantares
de Natal, listas de promessas que não se vão cumprir no ano seguinte. Inventários
que resultam do somatório do que vivemos no ano anterior e da esperança que depositamos
no ano novo.
Olhamos também para o ano a
terminar e fazemos catálogos dos melhores, dos piores ou dos mais memoráveis casos.
Os Top 10 de cada um traduzem-se em livros, álbuns, acontecimentos,
personalidades e outras infinitas possibilidades de listas.
Lisboa também tem apetecíveis
hipóteses de cardápios e é custoso escolher um ponto de partida. Como na lista
das minhas coisas favoritas estão as palavras, escolhi apresentar aqui aquelas que,
para mim, foram as mais faladas em 2016 na capital.
Turistas
Palavra incontornável. Ou por que
se adoram. Ou porque se odeiam. Não há como se lhes escapar. Os monumentos da
cidade passaram a ser aquelas imagens de postal que vislumbramos por trás de
grupos de pessoas de línguas diversas, sapatos confortáveis, máquinas
fotográficas ou mapas em punho. Por causa deles alguns bairros da cidade renasceram dos escombros. Por causa deles sentimos que estamos em casa sempre a
receber visitas. Dizem que são demais, que a cidade se transforma num parque de
diversões, mas que Lisboa está mais confiante, está.
Obras
Não há lisboeta que não esteja a
ficar doidinho com as obras. Passeios mais largos, ciclovias, árvores nas
avenidas são miragens com que nos acenam para irmos aguentando sem fazermos uma
birra colectiva com todos os pés alfacinhas a baterem no chão no tom de quem
não aguenta mais. Todos queremos ver a cidade a brilhar de modernidade e as
obras com os seus desvios, buracos, andaimes, barulhos, filas, atrasos e
taipais, são parte do processo. Mas tinham que ser todas ao mesmo tempo?
Verão
Foi ou não foi o mais
espectacular de sempre? Chegámos a acreditar que o Inverno tinha sido abolido
perpetuamente e que nunca mais os lençóis de flanela sairiam das gavetas.
Andámos de manga curta até Novembro e ainda ostentamos as marcas dos
fatos-de-banho no corpo. As temperaturas altas bateram recordes e acumulámos
vitamina D suficiente para várias vidas.
Golo
No dia 10 de Julho aos 109
minutos da final do Campeonato Europeu de Futebol todas as gargantas alfacinhas
disseram a mesma palavra em uníssono: Golo. Ou mais ou menos em uníssono,
porque o sinal de televisão chega a ter um minuto de desfasamento de um lado da
rua para o outro. Mas a verdade é que, se tivessem ensaiado não saía tão bem. Depois
da palavra Golo associaram-se as palavras Portugal e Campeões por vários dias e
à volta do mundo. Mas o que me causa arrepios é pensar no país todo a cantar o
Golo a uma só voz.
E depois há aquelas palavras que são de todos os anos como
Feliz Natal.
PS- Que as vossas listas de promessas
e desejos se tornem realidades em 2017.
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