Desde quinta-feira que os meus
olhos humedecem cada vez que me lembro que morreste.
Tu és o co-autor de uma grande
parte da banda sonora da minha geração. Vejo-te sempre em cima de um palco,
sorridente e com a guitarra descaída quase até aos joelhos, todo estiloso. Uma verdadeira
estrela rock.
Não há como negar que o rock
aprendeu a falar Português ao cantar as letras da tua banda. Não há ninguém
neste país que não saiba de cor um refrão dos Xutos.
E mesmo quem não gostava de Xutos
gostava dos Xutos e em especial de ti. O porreiríssimo Zé Pedro.
Por isso, aqui estamos nós
chorando esta espécie estranha de orfandade a que a tua partida nos atirou.
Sem Zé Pedro já não há Xutos a
soar a Xutos.
Como será daqui para a frente sem
ti no palco à direita do Tim?
Ficamos com uma herança preciosa.
Com uma sensação heróica de todos sermos tema das músicas dos Xutos.
Curvamo-nos perante essa vossa fórmula secreta que transforma as inquietações
do português comum em letra de canção.
Ficamos com o teu sorriso honesto
e com a tua simpatia gravados nos nossos álbuns de memórias. Agradecidos pelo
som da tua guitarra nos ter amparado bebedeiras, choradeiras, pequenas
revoluções e grandes decisões. Com os braços cruzados no ar.
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