Chegou o sol.
Lisboa pode ser poética
com as folhas a caírem das árvores e o cheiro das castanhas no ar.
As iluminações de Natal são encantadoras e andar de casaco
quentinho com um cachecol aconchegante a passear na Baixa é
romântico. Porém, quando vem o sol nada disso nos deixa saudades,
porque percebemos que, na realidade, só andámos a encher chouriços
de tempo, expectantes pelo grande dia. O dia em que o sol volta em
todo o seu esplendor.
E cá está ele. Nos
primeiros dias inscreveu-se provisoriamente porque os senhores da
meteorologia tinham dúvidas. Mas agora consta que chegou a efectivo.
Sente-se-lhe o cheiro em
todo o lado. Inspiramos e pelas narinas entram as flores a querer
nascer e a terra a secar.
Vê-se nos rostos dos
lisboetas. Andam todos mais sorridentes. Por vezes até lhes passa
pela cabeça que a crise foi coisa de tempo frio e agora é hora de
renascer.
Em qualquer parte da
cidade, até nas ruas mais profundas e escuras, brilham raios de
alegria. Os olhos ficam consolados a ver os varandins com as portas
abertas, as janelas com as cortinas puxadas e os vasos nas varandas
com rebentos a espreitar.
O sol trata bem Lisboa e
o Tejo. Reflecte intensamente no rio. Com tanta força que até dói
de olharmos. E dessa fusão de luz e água nasce o azul de Lisboa,
que é estudado por cientistas e magos, poetas e fadistas, pintores e
fabricantes de janelas, mas que ninguém, consegue traduzir. É a tal
da luz boa. A tal da luzboa.
Com tantos anos a morar
na cidade, seria normal estar habituada. No entanto, sou sempre
apanhada de surpresa nesta altura. Um dia acordo, saio com o
guarda-chuva debaixo do braço e olho para o céu e o cinzento
partiu. Nesse dia não quero ir trabalhar. Quero só andar a ver a
Lisboa azul. A novidade solar a espalhar-se e a lembrar-me porque
quero viver aqui.
Lisboa tem um grande encanto em qualquer altura do ano,mas de facto com sol tem outro brilho,outra luz,é linda a nossa Lisboa
ResponderEliminar