domingo, 16 de março de 2014

Chegou o sol.

Chegou o sol.
Lisboa pode ser poética com as folhas a caírem das árvores e o cheiro das castanhas no ar. As iluminações de Natal são encantadoras e andar de casaco quentinho com um cachecol aconchegante a passear na Baixa é romântico. Porém, quando vem o sol nada disso nos deixa saudades, porque percebemos que, na realidade, só andámos a encher chouriços de tempo, expectantes pelo grande dia. O dia em que o sol volta em todo o seu esplendor.

E cá está ele. Nos primeiros dias inscreveu-se provisoriamente porque os senhores da meteorologia tinham dúvidas. Mas agora consta que chegou a efectivo.

Sente-se-lhe o cheiro em todo o lado. Inspiramos e pelas narinas entram as flores a querer nascer e a terra a secar.

Vê-se nos rostos dos lisboetas. Andam todos mais sorridentes. Por vezes até lhes passa pela cabeça que a crise foi coisa de tempo frio e agora é hora de renascer.

Em qualquer parte da cidade, até nas ruas mais profundas e escuras, brilham raios de alegria. Os olhos ficam consolados a ver os varandins com as portas abertas, as janelas com as cortinas puxadas e os vasos nas varandas com rebentos a espreitar.

O sol trata bem Lisboa e o Tejo. Reflecte intensamente no rio. Com tanta força que até dói de olharmos. E dessa fusão de luz e água nasce o azul de Lisboa, que é estudado por cientistas e magos, poetas e fadistas, pintores e fabricantes de janelas, mas que ninguém, consegue traduzir. É a tal da luz boa. A tal da luzboa.

Com tantos anos a morar na cidade, seria normal estar habituada. No entanto, sou sempre apanhada de surpresa nesta altura. Um dia acordo, saio com o guarda-chuva debaixo do braço e olho para o céu e o cinzento partiu. Nesse dia não quero ir trabalhar. Quero só andar a ver a Lisboa azul. A novidade solar a espalhar-se e a lembrar-me porque quero viver aqui.

1 comentário:

  1. Lisboa tem um grande encanto em qualquer altura do ano,mas de facto com sol tem outro brilho,outra luz,é linda a nossa Lisboa

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